quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PSDB nas eleições municipais


A discussão sobre quem foi o grande vencedor das eleições finalizadas no domingo passado tem ocupado uma boa parte do noticiário, dividindo opiniões.

Muitos afirmam que o paulista José Serra foi o ganhador inconteste com a reeleição do prefeito Gilberto Kassab em São Paulo. Outros apontam Aécio Neves, de Minas Gerias, como quem realizou a maior façanha neste pleito, ao eleger (e não reeleger), Márcio Lacerda, do PSB, em BH. Os dois tucanos obtiveram, com seus candidatos, desempenho insofismável no segundo turno, fechando a apuração com 10 pontos de vantagem em relação ao adversário.

Quanto a Lula, esse é um perdedor quase que consensual, não obstante o resultado da capital mineira, também cacifado por Aécio, e a eleição do mau-caráter Eduardo Paes no Rio, faturada mais pelo PMDB de Sérgio Cabral que pelo petismo.

Muito embora não concorde inteiramente com a avaliação do desempenho de Lula, me concentrarei, neste primeiro momento, no bipolarismo peessedebista que têm extasiado os integrantes do PiG.

Serra optou por construir uma aliança à direita da direita. Demonstrou cabalmente a força reacionária numa unidade da federação sabidamente conservadora, que elege a trupe tucana ao governo do Estado há muito tempo. Os apoios amealhados, que vâo de Quércia a Agripino Maia, dão um perfil claro do que se pode esperar da gestão Kassab, bem como dos arranjos para as próximas eleições, certamento já fechados pela trupe. Por exemplo: Orestes Quércia no Senado, daqui a dois anos, é uma possibilidade bem real.

Já Aécio Neves, pareando-se com o petista Fernando Pimentel, atual prefeito de Belzonte, bandeou-se para a esquerda, causando alvoroço no seio dos dois principais partidos brasileiros, especialmente no PT. A aliança deu força ao grupo que defende a aproximação das legendas como forma de estabelecer um golpe fatal às oligarquias tradicionais - embora, no meu ver, a diferença entre oligarquia tradicional ou não-tradicional seja a mesma que existe entre merda com ou sem cobertura de cereja. De toda forma, a vitória conquistada deu mais um empurrãozinho à idéia do namoro.

Difícil dizer qual dos dois sai mais fortalecido do processo eleitoral e, consequentemente, mais apto a pleitear uma vaga na disputa presidencial que se aproxima. Mas isso não importa tanto quanto os efeitos das distintas políticas de aliança dentro do próprio PSDB.

De fato, os movimentos em direções opostas verificados em São Paulo e Minas, respectivamente para a direita e para a esquerda, fazem entrever um tensionamento intenso dentro da legenda tucana que pode causar um sério despedaçamento do partido. Mesmo tendo em suas fileiras os dois campeões das eleições municipais - ao menos segundo a maior parte da imprensa, o PSDB corre o sério risco de se ver absolutamente desgastado até 2010.

Quem ganhou? Não sei. Quem perdeu? A tal da socialdemocracia brasileira (que, aliás, tem muito de brasileira e quase nada de socialdemocracia).

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